sábado, 10 de janeiro de 2009

Liga Nacional tenta driblar a crise dos clubes e manter a qualidade técnica

Desde questões maiores como a inspeção de ginásios e a implantação de um sistema antidoping até a simples criação de logotipos para estampar os uniformes, Kouros Monadjemi iniciou 2009 com a mesa cheia. O presidente da Liga Nacional de Basquete (LNB) coordena os últimos ajustes para a estreia do Novo Basquete Brasil (NBB), que abre os trabalhos no dia 28 deste mês com 15 clubes na disputa pelo título. De seu escritório em Belo Horizonte, o dirigente conversou com o GLOBOESPORTE.COM sobre a estrutura do torneio, a crise financeira, a ausência das meninas e até a promessa de punições severas para os brigões na quadra.
Kouros espera que, nos próximos anos, a Liga possa cobrir gastos que hoje são dos clubes

GLOBOESPORTE.COM - O NBB deve fechar em janeiro seu primeiro patrocínio, da Eletrobrás. Com essa receita e os direitos de televisão, como vai ser a divisão de custos? O que os clubes terão de bancar?
Kouros Monadjemi - O custo do campeonato está nas mãos de cada clube. Cada um tem o seu patrocinador e, dentro desses patrocínios, eles arcam com a logística - hospedagem, viagem, transporte, parte médica, taxas de arbitragem. Agora, obviamente, a exposição do esporte na mídia vai ser maior, então os patrocínios da Liga devem melhorar. A ideia é que, em pouco tempo, a Liga cubra os principais custos.

Alguns clubes têm sofrido com a crise financeira. O Flamengo, atual campeão nacional, é um deles. Assis disputou o Paulista, mas vai para o NBB com um elenco bem mais fraco. Esses problemas pontuais vão prejudicar o primeiro ano do torneio?
Não tenha dúvida de que vão prejudicar o esporte brasileiro de um modo geral. A crise econômica vai afetar os orçamentos dos clubes. Assis é um caso típico. O patrocinador não tem como manter o investimento. Eles conseguiram outro patrocínio, mas se desfizeram de alguns atletas que tinham salário acima da média.

Com isso, a qualidade dentro da quadra cai. Como fica o critério técnico?
Nós tomamos muito cuidado com a qualidade das equipes. Não basta querer disputar a Liga. A fundação teve 19 equipes, e só 15 vão participar. E assim mesmo Assis vai entrar um pouco esfacelado. Vai lutar por uma posição intermediária no campeonato. Na mesma situação estão clubes como Araraquara e Vila Velha, que têm investimento médio. Há uma comissão técnica formada por treinadores de gabarito e hoje coordenada pelo Lula Ferreira, que decidiu os times participantes. Esperamos que, nos próximos anos, a Liga possa ajudar esses clubes com algumas despesas. Aí todas as equipes vão se fortalecer.

O ministro do Esporte, Orlando Silva, Kouros e o presidente da CBB, Grego, no lançamento da ligaO Nordeste reclamou por não ter nenhum representante na Liga. Isso também foi uma questão técnica?
A Liga não existe para meia-dúzia de clubes elitizados. Nossa intenção é unir o Brasil. Mas você há de convir que, por mais que nós estejamos otimistas, o primeiro passo é criar o campeonato. Vamos olhar a Liga do Nordeste, possivelmente faremos um torneio regional, para que saia o campeão de lá e dispute com equipes vencedoras do Sul, até incluir um ou dois times no NBB. O que não pode acontecer hoje é, pelo fato de ter que colocar uma equipe do Nordeste ou do Norte, obrigar 15 times a viajar até Pernambuco, Pará ou Amazonas para fazer uma partida que termina em 120 a 40. Não faz sentido.

E quando esse cenário vai mudar?
Temos que cuidar do Nordeste para fortalecer essas equipes. Acho que, em cinco anos, poderemos ter condições de trazer alguns representantes da região para a Liga.

Nos torneios nacionais, estamos acostumados a ver, com uma frequência maior que o normal, jogadores brigando dentro da quadra. E as punições geralmente são brandas, o que gera um sentimento de impunidade. A Liga já pensou nisso?
Sem dúvida nenhuma. Acabamos de aprovar um regulamento rígido a ponto de multar atletas por indisciplina e impor suspensões e trocas de mando de quadra. Isso vai ser colocado em prática. Aliás, não só isso, mas também o exame antidoping. Quem cometer indisciplina será severamente punido. Tivemos uma reunião com todos os técnicos, conscientizando-os disso.

Há um custo alto para exame antidoping. Os clubes vão bancar?
É caro, mas para moralizar o esporte, é preciso estabelecer esses parâmetros. Estamos vendo o custo real para analisar a melhor maneira de fazer.

fonte: globoesporte.com

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