O esporte de
alto rendimento vem buscando maneiras de aumentar o rendimento de seus atletas
através de pesquisas científicas. No mais alto nível disputado, sabe-se que os
detalhes podem fazer a diferencia entre ser campeão ou vice.
Saltar mais
alto, correr mais rápido e se recuperar de forma mais rápida entre os jogos e
treinos, por exemplo, são alguns dos objetivos que treinadores e cientistas do
esporte estão buscando aprimorar por meio de métodos inovadores e eficientes.
Mesmo em
esportes coletivos onde o controle é um pouco mais difícil devido a
individualidade biológica diferenciada entre jogadores, a preocupação quanto à
estratégias referentes a preparação e a aos cuidados com a saúde do atleta vem
crescendo.
Desta forma
e pensando na evolução do basquetebol mourãoense, este ano o Campo
Mourão/Basquete começou a inovar sua forma de trabalhar, trazendo para dentro
do seu sistema de trabalho um olhar um pouco mais científico voltado para o
treinamento. E o que é melhor, tudo que foi pensando e proposto era de baixo
custo e com ferramentas simples de serem usadas diariamente.
Tudo foi
baseado nas condições estruturais da equipe, que reflete o basquetebol paranaense
e a grande maioria do basquete brasileiro. Ou seja, nada de laboratórios
sofisticados e análises mirabolantes, mas coisas simples e fidedignas.
O processo
começou com a parceria entre a AMOBASQUETE e o GEAFIT, que é o Grupo de Estudos
das Adaptações Fisiológicas ao Treinamento e que tem como responsável o professor
Fábio Nakamura. O objetivo foi avaliar os atletas, afim de estipular e
monitorar cargas de treinamento, estresse e possíveis indicadores de lesões.
MONITORAMENTO E INDENTIFICAÇÃO DO
PERFIL DE CADA ATLETA
Hoje
em dia existem inúmeros métodos que são capazes de identificar o perfil do
atleta. Muitos deles são realizados em laboratórios, e envolvem biópsia do
tecido muscular, análise sanguínea e etc. Embora muito eficientes na
identificação de possíveis lesões, overtraining
e estresses provocados pelo treinamento, são poucas as instituições/clubes que
podem ter um laboratório desta magnitude. Tem que ter muito dinheiro.
Sendo
assim, o que usamos aqui na equipe não foi nada descomunal. Pelo contrário, a
interpretação das avaliações e o uso de meios rápidos e fáceis de serem
aplicados foram nossas ferramentas para identificar o perfil do organismo dos
atletas que trabalhavam conosco. E isso pode ser aplicado facilmente em sua
equipe.
Primeiramente
avaliamos todos os atletas presentes na equipe. O protocolo utilizado contou
com as seguintes avaliações: salto vertical, Sprint de 10 mts, YO-YO, FC máx e
variabilidade da frequência cardíaca. Com essas informações, nós conseguimos
identificar o potencial fisiológico de cada atleta.
A
FCmáx e variabilidade da frequência cardíaca foram coletadas por monitores
cardíacos, que registram a FC em grandes grupos e facilita a avaliação. Mas
caso isso não seja possível de se ter, somente as informações dos testes podem
dar parâmetros interessantes para se trabalhar.
Abaixo,
segue uma tabela onde os dados coletados são separados em dois grupos: os que
tiveram melhores desempenho nas avaliações x aqueles obtiveram desempenho
inferior.
GRUPOS
|
RRmédio
|
YO- YO Test
|
PSE
|
Escala (CR10)
|
1
|
1008,5
|
1108,6
|
4
|
Moderado
|
2
|
766,0
|
1040
|
5
|
Forte
|
Observe
atentamente os dados da tabela. É Possível perceber uma grande relação entre as
variáveis avaliadas. Aqueles atletas que mostraram um desempenho inferior nas
avaliações também foram os reportaram maior cansaço na média feita a partir da
coleta da percepção subjetiva de esforço (PSE) pela Escala de Borg (CR10). Essa
média de PSE foi feita durante um mesociclo de treinamento.
Esta
interpretação pode sugerir o quanto de carga de treino os atletas suportam.
Neste caso, consequentemente, o grupo 1 apresentaria uma maior tolerância a
cargas de treinos mais intensas e com maior volume. Outro dado interessante é
que o grupo 2 teve muito mais queixas de dores e lesões comparado ao outro
grupo.
Caso você
não tenha condições de verificar FCmáx e a variabilidade da FC, não tem
problema. Apenas com os testes de capacidade física também se pode ter
parâmetros que vão servir de base para você estipular a carga de treinamento
adequada para sua equipe. Com junção à PSE coletada diariamente, com certeza
você vai poder controlar melhor a carga de treino empregada.
Um exemplo
do uso das capacidades físicas como parâmetros é a capacidade de VO2máx. Na
tabela acima, foi usado o teste de Yo-Yo para a mensuração da capacidade do atleta
realizar tarefas em alta intensidade.
Compare o
desempenho dos grupos nesta avaliação com as outras variáveis. É possível
perceber que o grupo que teve pior desempenho também foi aquele que obteve resultados inferiores nas outras
variáveis. Ou seja, também pode-se ter uma base do perfil fisiológico do atleta
a partir dos resultados nos testes físicos.
Portanto,
adequar a carga de treinamento e os períodos de recuperação necessários entre
elas não é uma tarefa fácil para treinadores e preparadores físicos. Ainda mais
em esportes coletivos como o nosso, onde a diversidade biológica é um fator que
dificulta a individualização do treino em grupo. Para tanto, esse tipo de
monitoramento que utilizamos aqui se mostrou eficiente, pois é um método de
baixo custo e de rápida intervenção.
Visto as condições estruturais e econômicas da
equipe, as possibilidades para uma intervenção mais elaborada era praticamente
impossível e creio que a realidade das demais equipes paranaenses sejam assim.
Desta forma, esta é uma possibilidade que realmente se torna acessível e pode
contribuir muito na prática diária.
Para dúvida
sobre os meios de avaliação, troca de experiências e perguntas sobre treino ,
segue meu email abaixo:
rg.godoi@hotmail.com
Rafael
G. S. C. Godoi- Preparação Física/CM Basquete
Um comentário:
Parabéns Rafael pelo trabalho, Acho que ferramenta simples fornecem informações importantes.
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