sexta-feira, 30 de novembro de 2012

METODOS DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DE TREINO: UMA POSSIBILIDADE PARA A NOSSA REALIDADE


 
O esporte de alto rendimento vem buscando maneiras de aumentar o rendimento de seus atletas através de pesquisas científicas. No mais alto nível disputado, sabe-se que os detalhes podem fazer a diferencia entre ser campeão ou  vice.

Saltar mais alto, correr mais rápido e se recuperar de forma mais rápida entre os jogos e treinos, por exemplo, são alguns dos objetivos que treinadores e cientistas do esporte estão buscando aprimorar por meio de métodos inovadores e eficientes.

Mesmo em esportes coletivos onde o controle é um pouco mais difícil devido a individualidade biológica diferenciada entre jogadores, a preocupação quanto à estratégias referentes a preparação e a aos cuidados com a saúde do atleta vem crescendo.

Desta forma e pensando na evolução do basquetebol mourãoense, este ano o Campo Mourão/Basquete começou a inovar sua forma de trabalhar, trazendo para dentro do seu sistema de trabalho um olhar um pouco mais científico voltado para o treinamento. E o que é melhor, tudo que foi pensando e proposto era de baixo custo e com ferramentas simples de serem usadas diariamente.

Tudo foi baseado nas condições estruturais da equipe, que reflete o basquetebol paranaense e a grande maioria do basquete brasileiro. Ou seja, nada de laboratórios sofisticados e análises mirabolantes, mas coisas simples e fidedignas.

O processo começou com a parceria entre a AMOBASQUETE e o GEAFIT, que é o Grupo de Estudos das Adaptações Fisiológicas ao Treinamento e que tem como responsável o professor Fábio Nakamura. O objetivo foi avaliar os atletas, afim de estipular e monitorar cargas de treinamento, estresse e possíveis indicadores de lesões.

 

MONITORAMENTO E INDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DE CADA ATLETA


            Hoje em dia existem inúmeros métodos que são capazes de identificar o perfil do atleta. Muitos deles são realizados em laboratórios, e envolvem biópsia do tecido muscular, análise sanguínea e etc. Embora muito eficientes na identificação de possíveis lesões, overtraining e estresses provocados pelo treinamento, são poucas as instituições/clubes que podem ter um laboratório desta magnitude. Tem que ter muito dinheiro.

            Sendo assim, o que usamos aqui na equipe não foi nada descomunal. Pelo contrário, a interpretação das avaliações e o uso de meios rápidos e fáceis de serem aplicados foram nossas ferramentas para identificar o perfil do organismo dos atletas que trabalhavam conosco. E isso pode ser aplicado facilmente em sua equipe.

            Primeiramente avaliamos todos os atletas presentes na equipe. O protocolo utilizado contou com as seguintes avaliações: salto vertical, Sprint de 10 mts, YO-YO, FC máx e variabilidade da frequência cardíaca. Com essas informações, nós conseguimos identificar o potencial fisiológico de cada atleta.

            A FCmáx e variabilidade da frequência cardíaca foram coletadas por monitores cardíacos, que registram a FC em grandes grupos e facilita a avaliação. Mas caso isso não seja possível de se ter, somente as informações dos testes podem dar parâmetros interessantes para se trabalhar.

            Abaixo, segue uma tabela onde os dados coletados são separados em dois grupos: os que tiveram melhores desempenho nas avaliações x aqueles obtiveram desempenho inferior.

 

GRUPOS
RRmédio
YO- YO Test
PSE
Escala (CR10)
 
1
 
1008,5
 
 
 
1108,6
 
 
 
4
 
 
Moderado
 
 
2
 
 
766,0
 
 
1040
 
 

5

 

Forte

Observe atentamente os dados da tabela. É Possível perceber uma grande relação entre as variáveis avaliadas. Aqueles atletas que mostraram um desempenho inferior nas avaliações também foram os reportaram maior cansaço na média feita a partir da coleta da percepção subjetiva de esforço (PSE) pela Escala de Borg (CR10). Essa média de PSE foi feita durante um mesociclo de treinamento.

Esta interpretação pode sugerir o quanto de carga de treino os atletas suportam. Neste caso, consequentemente, o grupo 1 apresentaria uma maior tolerância a cargas de treinos mais intensas e com maior volume. Outro dado interessante é que o grupo 2 teve muito mais queixas de dores e lesões comparado ao outro grupo.

Caso você não tenha condições de verificar FCmáx e a variabilidade da FC, não tem problema. Apenas com os testes de capacidade física também se pode ter parâmetros que vão servir de base para você estipular a carga de treinamento adequada para sua equipe. Com junção à PSE coletada diariamente, com certeza você vai poder controlar melhor a carga de treino empregada.

Um exemplo do uso das capacidades físicas como parâmetros é a capacidade de VO2máx. Na tabela acima, foi usado o teste de Yo-Yo para a mensuração da capacidade do atleta realizar tarefas em alta intensidade.

Compare o desempenho dos grupos nesta avaliação com as outras variáveis. É possível perceber que o grupo que teve pior desempenho também foi aquele que  obteve resultados inferiores nas outras variáveis. Ou seja, também pode-se ter uma base do perfil fisiológico do atleta a partir dos resultados nos testes físicos.

Portanto, adequar a carga de treinamento e os períodos de recuperação necessários entre elas não é uma tarefa fácil para treinadores e preparadores físicos. Ainda mais em esportes coletivos como o nosso, onde a diversidade biológica é um fator que dificulta a individualização do treino em grupo. Para tanto, esse tipo de monitoramento que utilizamos aqui se mostrou eficiente, pois é um método de baixo custo e de rápida intervenção.

 Visto as condições estruturais e econômicas da equipe, as possibilidades para uma intervenção mais elaborada era praticamente impossível e creio que a realidade das demais equipes paranaenses sejam assim. Desta forma, esta é uma possibilidade que realmente se torna acessível e pode contribuir muito na prática diária.

Para dúvida sobre os meios de avaliação, troca de experiências e perguntas sobre treino , segue meu email abaixo:

 

rg.godoi@hotmail.com

 

Rafael G. S. C. Godoi- Preparação Física/CM Basquete

Um comentário:

Ricardo Santos Oliveira disse...

Parabéns Rafael pelo trabalho, Acho que ferramenta simples fornecem informações importantes.